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sábado, 18 de novembro de 2023

ROBERTO MONTEIRO PINHO

IMPRENSA: Censura, avanço da mídia eletrônica e crise econômica, e os principais fatores que estão levando ao descrédito da imprensa

Segundo informações do Atlas da Notícia mostra 17 veículos de médio a grande alcance nacional encerraram suas atividades no Brasil entre os anos de 2018 e 2021. Neste ano (2021), foram 5 fechamentos registrados – como o jornal El País, que anunciou fim em 14 de dezembro. O periódico comunicou aos assinantes e leitores não ter alcançado a sustentabilidade econômica, apesar da audiência e número considerável de assinantes.

Além do jornal espanhol, que só contava com a versão digital no Brasil, outros veículos de imprensa fecharam neste ano por reestruturações empresariais que apostam no digital. Entre eles, o Diário do Nordeste, o jornal Agora, do Grupo Folha, e a revista Época, do Grupo Globo. Dos veículos de imprensa encerrados em 2021, o Terça Livre foi o único que fechou depois de decisões da Justiça. O encerramento ocorreu depois de ordem de prisão expedida pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes contra o jornalista Allan dos Santos. Desde outubro, todo o conteúdo do site encontra-se fora do ar.

De acordo com o presidente da ANJ (Associação Nacional dos Jornalistas), Marcelo Rech, disse em entrevista ao Poder360 que o principal motivo para o fechamento das empresas jornalísticas é o “duopólio” formado pelo Google e pelo Facebook, a 2ª administrada pelo grupo Meta. Segundo ele, as duas empresas “engolem” as verbas de publicidade mundiais. Para Rech, a “crise mundial do jornalismo” se deve ao modelo econômico que favorece o duopólio que “vende e exibe publicidade ao mesmo tempo”. Ele explica ainda que, se não houver um modelo de remuneração das atividades jornalísticas pelas big techs em questão, a erosão do jornalismo será “gradual”.

- Para dirigentes de jornais, “existe uma instrumentalização de ataques ao jornalismo”, disse. Ele afirma que, além da insustentabilidade econômica, o jornalismo tem sofrido ataques “fortíssimos”. “Nesse sentido, o Brasil vê a repetição de uma circunstância que nós vemos na Venezuela, na Nicarágua e no Equador”.

Crise pode estar na esteira da ideologia da linha editorial do jornal

Para o jornalista e presidente da Associação Nacional e Internacional de Imprensa – ANI Roberto Monteiro Pinho, nas últimas décadas, ressuscitou no país velha crença de que precisava, dois ou mais veículos de grande visibilidade, ficassem em situações opostas, noticiando a favor do governismo e do outro contrário ao governo. Ocorre que ambos tinham seu grupo fiel de leitores que alimentavam as editorias, a ponto de mantê-las imunes as crises econômicas. Isso perdurou por anos, e se tornou um painel de notícias, importante para elucidar pontos vitais da administração pública. Foi sem dúvida uma era valiosa estimulada pela combustão de fascinantes colunistas e jornalistas (sem a necessidade de citar nomes), cujos conteúdos eram tese de debates em todos os níveis da nossa sociedade.

O jornalismo de qualidade fortaleceu, não apenas as redações, mas também, serve de exemplo aos jovens comunicadores, que hoje, produzem conteúdos para redes sociais a partir do smartphone. Já o jornalismo da TV aberta e por assinatura, visivelmente enveredou para a informação de laboratório, cuja posologia é de acordo com a verba publicitária, - a chamada sustentação do governo, com mídia paga, para desferir ataques a oposicionistas, a favor e de forma tendenciosa, com texto pré-concebido de forma a minimizar abusos e práticas nada saudáveis. Isso sem contar as campanhas onde fatos são eternamente explorados, em seguidas vezes, sempre pontuais, e distorcidos para esmorecer oposicionistas.

- O conceito do jornalismo raiz, nunca deixará de existir. O múnus do profissional faz dele o responsável absoluto pela notícia, lhe dá a prerrogativa de publicar, e por sua vez manter o “sigilo da fonte“. Ocorre que em todo planeta, com o advento das redes sociais, as tais fontes, se tornaram invisíveis, ao agente da informação, e publicada sem o menor critério. Isso até mesmo em sua maioria por desconhecer as leis que regram a comunicação do país e da técnica, que torna a notícia, independente, por essa razão ela deixa de ser informativa e passa a ser opinativa, por essa razão nos deparamos com as constantes fake news e levianas menções ofensivas. – esclareceu, Monteiro.

A isenção do profissional é fator preponderante

Ao longo do século XX, os estudiosos do Jornalismo também chegaram à conclusão de que a objetividade e a imparcialidade não existem. Mas que eram conceitos a serem perseguidos. Tanto que nas redações, entre os profissionais que, de fato, produzem Jornalismo, a objetividade ainda tem crédito. Para tanto basta relembrar a declaração do presidente da CBS News, Richard Salant: “Nossos repórteres não cobrem notícias sob o ponto de vista deles. Eles as apresentam sob o ponto de vista de ninguém”.

Segundo o filósofo e pesquisador Fabiano de Abreu, a perda da credibilidade jornalística é prejudicial para a sociedade e alerta para danos que podem ser irreversíveis para toda a nação e ao cidadão. Devido à proliferação das chamadas "fake news", as pessoas estão zombando do jornalismo, que a cada dia padece da perda da credibilidade.

Abreu tem monitorado os caminhos tomados pelo jornalismo, e demonstra preocupação: "o que se tem visto, infelizmente, é a falta de imparcialidade ao transmitir as notícias, o que é preocupante, pois isso está simplesmente destruindo o jornalismo. E quando se perde a credibilidade do jornalismo, perde uma nação”, afirma. 

Para Fabiano, não é exagero afirmar que quando a imprensa cai em descrédito, a sociedade cai em decadência: "A imprensa sempre foi responsável por revelar ao grande público a verdade, os esquemas, as negociatas, e trazer à luz tudo que estava oculto, arquitetado nas trevas. Mas agora, na era das fake news, a imprensa tradicional padece, e está sendo vista como caluniosa, ardilosa, e defensora de sua própria agenda, tendenciosa. As pessoas estão perdendo a boa fé na imprensa e nos veículos de comunicação. Hoje, a opinião pública acredita que os jornalistas são infames, e que vale tudo pela audiência, pelos views, pelos cliques, pelo interesse. E isso não pode acontecer”. 

Produzido por: ANIBRPress/Imagem: Arquivo.

ROBERTO MONTEIRO PINHO - Jornalista, escritor, CEO em Jornalismo Investigativo, ambientalista, presidente da Associação Nacional e Internacional de Imprensa – ANI, Associação Emancipacionista da Região da Barra da Tijuca - AEBAT. Membro da ALB - Federação das Academias de Letras do Brasil, Técnico em Arbitragem. (Lei 9307/1996).  Ex - Dirigente da Central Geral dos Trabalhadores – CGT, Observador para Assuntos sobre Liberdade de Imprensa no Parlamento Europeu.  Escreve para Portais, sites, titular de blog de notícias Nacionais e Internacionais, blog Análise & Política. Autor da obra: Justiça Trabalhista do Brasil (Edit. Topbooks), e dos livros: “Os inimigos do Poder”, e “Manual da Emancipação”.

"Esta publicação opinativa encontra-se em conformidade com a LGPD, lei nº 13.709, 14 de agosto de 2018."

Contato: robertompinho@yahoo.com.br

@robertomonteiropinhooficial

 

quarta-feira, 1 de novembro de 2023

ROBERTO MONTEIRO PINHO

REDES SOCIAIS: O boom dos podcasts e o cenário da informação digital no Brasil

De janeiro a setembro de 2023, o Brasil registrou um aumento de 36% na produção de podcast. Os temas são muitos, capitaneados pela política, segurança, educação, saúde, mobilidade urbana, meio ambiente, entretenimento, autoestima, numa crescente demanda, abrindo um cenário de novas oportunidades para os profissionais da comunicação, curiosos e iniciantes. Todos ávidos por um lugar ao sol, neste panorama de inovações e criatividade na internet.

Guilherme Alpendre, diretor-executivo da Rádio Novelo, conta que “em 2023, com o lançamento do original Rádio Novelo Apresenta, tivemos foi o ano com maior audiência desde nossa fundação. Foram quase 5 milhões de downloads dos mais de 40 episódios publicados neste ano”

Além disso, os assuntos variam cada vez mais na plataforma, com um crescimento significativo para a audiência do gênero “Saúde e Fitness”, com aproximadamente 126%. Outro aspecto interessante é o consumo da categoria “Educação” pela GenZ, com um aumento de 80% em relação ao ano passado. Falar difícil, carregar no inglês, não é essencial para buscar espaço, o que prevalece é a interatividade, a boa desenvoltura dos apresentadores e convidados. É virtualmente, um meio que está conquistando seguidores e se expandindo a grande velocidade.

O Brasil é o 5º país com maior quantidade de smartphones

Quando se olha para o cenário global, dentre 193 países, atualmente o Brasil, ocupa o 5º lugar com maior quantidade de usuários de smartphones no ranking mundial. Desde que adentraram no cotidiano do brasileiro na década passada, o número de aparelhos disparou. Em meados de 2016, já haviam mais dispositivos em funcionamento do que habitantes.

 

Entre os videocasts mais populares do Brasil, com milhões de visualizações mensais, estão o “PodPah” e o “PodDelas”. Para os iniciantes, não existe dificuldade, é só olhar as redes sociais, e copiar, afinal “tudo se copia”. Para os que ainda não chegaram a dica é partir em frente, evoluir e ter uma boa mídia de divulgação, e não vai faltar profissionais com capacidade de disparar seus milhares ou quem sabe milhões de tik tok.

 

Confira as 5 principais tendências de podcasts em 2023:

“Videocast“: adaptação do modelo tradicional de podcasts para a transmissão também em formato de vídeo; este modelo é amplamente compartilhado nas redes sociais, o que influencia significativamente na audiência e alcance das produções.

Abordagem intimista: neste caso, a conexão entre o locutor e o ouvinte é o principal. O compartilhamento de histórias pessoais dos apresentadores e convidados, além de conselhos e “instruções”, transformam o podcast em um momento de autoconhecimento e reflexão. Interatividade: o uso de “caixa de perguntas” e “enquetes”, ferramentas já utilizadas por outras plataformas, como Instagram, Facebook, X (Twitter), entre outras, é uma possibilidade cada vez mais usada para conquistar o engajamento do público com os criadores.

Documentários em áudio: assim como programas de televisão e streaming que batem recordes de audiência com produções baseadas em fatos reais, a “podosfera” descobriu que também pode se apropriar de histórias populares no imaginário cultural para aumentar seu público consumidor.

Histórias autênticas: podcasts que exploram histórias genuínas de indivíduos comuns costumam estar no topo das principais paradas de episódios mais ouvidos. A curiosidade de encontrar relatos cotidianos, sejam eles sérios, engraçados ou emocionantes, é um motor e tanto de audiência.

Núcleo de Conteúdo: ANIBRPress/forbes-tech/Imagem: Arquivo