ROBERTO
MONTEIRO PINHO
IMPRENSA: Censura, avanço da mídia eletrônica e crise econômica, e os
principais fatores que estão levando ao descrédito da imprensa
Segundo informações do Atlas da Notícia mostra 17 veículos de
médio a grande alcance nacional encerraram suas atividades no Brasil entre os
anos de 2018 e 2021. Neste ano (2021), foram 5 fechamentos registrados – como
o jornal El País, que anunciou fim em 14 de dezembro. O
periódico comunicou aos assinantes e leitores não ter alcançado a
sustentabilidade econômica, apesar da audiência e número considerável de
assinantes.
Além do jornal espanhol, que só contava com a versão digital
no Brasil, outros veículos de imprensa fecharam neste ano por reestruturações
empresariais que apostam no digital. Entre eles, o Diário do Nordeste, o jornal
Agora, do Grupo Folha, e a revista Época, do Grupo Globo. Dos veículos de
imprensa encerrados em 2021, o Terça Livre foi o único que fechou depois de
decisões da Justiça. O encerramento ocorreu depois de ordem de prisão expedida
pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes contra o
jornalista Allan dos Santos. Desde outubro, todo o conteúdo do site encontra-se
fora do ar.
De acordo com o presidente da ANJ (Associação Nacional
dos Jornalistas), Marcelo Rech, disse em entrevista ao Poder360 que o principal
motivo para o fechamento das empresas jornalísticas é o “duopólio” formado pelo
Google e pelo Facebook, a 2ª administrada pelo grupo Meta. Segundo ele, as duas
empresas “engolem” as verbas de publicidade mundiais. Para Rech, a “crise
mundial do jornalismo” se deve ao modelo econômico que favorece o duopólio que
“vende e exibe publicidade ao mesmo tempo”. Ele explica ainda que, se não
houver um modelo de remuneração das atividades jornalísticas pelas big techs em
questão, a erosão do jornalismo será “gradual”.
- Para dirigentes de jornais, “existe uma instrumentalização
de ataques ao jornalismo”, disse. Ele afirma que, além da insustentabilidade
econômica, o jornalismo tem sofrido ataques “fortíssimos”. “Nesse sentido, o
Brasil vê a repetição de uma circunstância que nós vemos na Venezuela, na
Nicarágua e no Equador”.
Crise
pode estar na esteira da ideologia da linha editorial do jornal
Para o jornalista e presidente
da Associação Nacional e Internacional de Imprensa – ANI Roberto Monteiro
Pinho, nas últimas décadas, ressuscitou no país velha crença de que precisava, dois
ou mais veículos de grande visibilidade, ficassem em situações opostas,
noticiando a favor do governismo e do outro contrário ao governo. Ocorre que
ambos tinham seu grupo fiel de leitores que alimentavam as editorias, a ponto
de mantê-las imunes as crises econômicas. Isso perdurou por anos, e se tornou
um painel de notícias, importante para elucidar pontos vitais da administração
pública. Foi sem dúvida uma era valiosa estimulada pela combustão de
fascinantes colunistas e jornalistas (sem a necessidade de citar nomes), cujos
conteúdos eram tese de debates em todos os níveis da nossa sociedade.
O jornalismo de qualidade
fortaleceu, não apenas as redações, mas também, serve de exemplo aos jovens
comunicadores, que hoje, produzem conteúdos para redes sociais a partir do
smartphone. Já o jornalismo da TV aberta e por assinatura, visivelmente enveredou
para a informação de laboratório, cuja posologia é de acordo com a verba publicitária,
- a chamada sustentação do governo, com mídia paga, para desferir ataques a
oposicionistas, a favor e de forma tendenciosa, com texto pré-concebido de forma
a minimizar abusos e práticas nada saudáveis. Isso sem contar as campanhas onde
fatos são eternamente explorados, em seguidas vezes, sempre pontuais, e
distorcidos para esmorecer oposicionistas.
- O conceito do jornalismo
raiz, nunca deixará de existir. O múnus do profissional faz dele o responsável absoluto
pela notícia, lhe dá a prerrogativa de publicar, e por sua vez manter o “sigilo
da fonte“. Ocorre que em todo planeta, com o advento das redes sociais, as tais
fontes, se tornaram invisíveis, ao agente da informação, e publicada sem o
menor critério. Isso até mesmo em sua maioria por desconhecer as leis que regram
a comunicação do país e da técnica, que torna a notícia, independente, por essa
razão ela deixa de ser informativa e passa a ser opinativa, por essa razão nos
deparamos com as constantes fake news e levianas menções ofensivas. –
esclareceu, Monteiro.
A
isenção do profissional é fator preponderante
Ao longo do século XX, os
estudiosos do Jornalismo também chegaram à conclusão de que a objetividade e a
imparcialidade não existem. Mas que eram conceitos a serem perseguidos. Tanto
que nas redações, entre os profissionais que, de fato, produzem Jornalismo, a
objetividade ainda tem crédito. Para tanto basta relembrar a declaração do
presidente da CBS News, Richard Salant: “Nossos repórteres não cobrem notícias
sob o ponto de vista deles. Eles as apresentam sob o ponto de vista de
ninguém”.
Segundo o filósofo e pesquisador
Fabiano de Abreu, a perda da credibilidade jornalística é prejudicial para a
sociedade e alerta para danos que podem ser irreversíveis para toda a nação e
ao cidadão. Devido à proliferação das chamadas "fake news", as
pessoas estão zombando do jornalismo, que a cada dia padece da perda da
credibilidade.
Abreu tem monitorado os caminhos tomados pelo jornalismo, e demonstra preocupação: "o que se tem visto, infelizmente, é a falta de imparcialidade ao transmitir as notícias, o que é preocupante, pois isso está simplesmente destruindo o jornalismo. E quando se perde a credibilidade do jornalismo, perde uma nação”, afirma.
Para
Fabiano, não é exagero afirmar que quando a imprensa cai em descrédito, a
sociedade cai em decadência: "A imprensa sempre foi responsável por
revelar ao grande público a verdade, os esquemas, as negociatas, e trazer à luz
tudo que estava oculto, arquitetado nas trevas. Mas agora, na era das fake
news, a imprensa tradicional padece, e está sendo vista como caluniosa,
ardilosa, e defensora de sua própria agenda, tendenciosa. As pessoas estão
perdendo a boa fé na imprensa e nos veículos de comunicação. Hoje, a opinião
pública acredita que os jornalistas são infames, e que vale tudo pela
audiência, pelos views, pelos cliques, pelo interesse. E isso não pode
acontecer”.
Produzido
por: ANIBRPress/Imagem: Arquivo.
ROBERTO MONTEIRO PINHO - Jornalista, escritor, CEO em Jornalismo Investigativo, ambientalista, presidente da Associação Nacional e Internacional de Imprensa – ANI, Associação Emancipacionista da Região da Barra da Tijuca - AEBAT. Membro da ALB - Federação das Academias de Letras do Brasil, Técnico em Arbitragem. (Lei 9307/1996). Ex - Dirigente da Central Geral dos Trabalhadores – CGT, Observador para Assuntos sobre Liberdade de Imprensa no Parlamento Europeu. Escreve para Portais, sites, titular de blog de notícias Nacionais e Internacionais, blog Análise & Política. Autor da obra: Justiça Trabalhista do Brasil (Edit. Topbooks), e dos livros: “Os inimigos do Poder”, e “Manual da Emancipação”.
"Esta publicação opinativa encontra-se em conformidade com a LGPD, lei nº 13.709, 14 de agosto de 2018."
Contato: robertompinho@yahoo.com.br
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