A ONG Avaaz, que realiza ações de 'ciberativismo' apontou, mais de 500 páginas e grupos no Facebook seguidos por mais de 32 milhões de usuários suspeitos de espalhar informações falsas e conteúdo de incitamento ao ódio.
Em seu relatório publicado recentemente, a rede social americana também detalhou os conteúdos que violam suas regras de uso. Para nudez, violência, sexo, exploração sexual de crianças ou propaganda terrorista, o Facebook afirma detectar mais de 95% dos conteúdos, antes de serem denunciados por um usuário.
No entanto segundo a ONG “esta proporção cai, no entanto, para 65% para as mensagens de incitamento ao ódio (racismo, antissemitismo, etc.) e até 14% para o assédio, mais difícil de detectar”.
Com objetivo de “limpar” o lixo internauta, o diretor executivo do Facebook, Mark Zuckerberg, anunciou os resultados de uma gigantesca operação de limpeza de bilhões de contas falsas e rejeitou os pedidos para desmembrar sua rede social. A empresa americana, que enfrenta um aumento de tentativas de criações automáticas de contas maliciosas, detectou e bloqueou - antes da ativação - 1,2 bilhão de contas no último trimestre de 2018 e 2,2 bilhões no primeiro de 2019.
Fins políticos e eleitorais
As contas "não-autênticas" podem, por exemplo, abrigar campanhas de desinformação para fins de manipulação política, uma das questões que afetam essa rede social há mais de dois anos.
A manipulação da informação, com objetivo político, se tornou uma constante nas eleições, e com isso temos uma sensação de insegurança com o conteúdo divulgado. Explica o presidente da Associação Nacional e Internacional de Imprensa – ANI, Roberto Monteiro Pinho. Para o dirigente, todos correm risco de ter uma informação ’falsa’, ou ‘alterada’, e com isso, “se divulgar para os grupos de WhatsApp por exemplo, se torna uma desinformação, e isso não deveria ocorrer, já que não se alinha ao propósito da comunicação séria e comprometida com a verdade”.
Remover os "conteúdos nocivos", "impedir interferências nas eleições, garantir as ferramentas adequadas para a confidencialidade", entre outros assuntos, são "para mim as questões mais importantes atualmente e não acho que (...) desmembrar a empresa irá resolvê-las", disse o criador do Facebook em uma teleconferência sobre o assunto.
"Nós existimos em um ambiente muito competitivo e muito dinâmico, onde há constantemente (novos) serviços", disse Zuckerberg, que novamente rejeitou qualquer acusação de monopólio.
Eleições nos EUA
Vários candidatos democratas à eleição presidencial dos Estados Unidos de 2020, como Elizabeth Warren e Bernie Sanders, pediram recentemente o desmembramento do Facebook e de outros gigantes tecnológicos, que eles consideram poderosos demais ou monopolistas.
Em resposta a isso, Mark Zuckerberg insistiu na importância do orçamento dedicado ao controle de conteúdo no Facebook.
"Podemos fazer coisas que as outras (empresas) não podem fazer", acrescentou, deixando entender que o desmembramento do Facebook impediria, precisamente, combater esses problemas.
Em meados de maio, sua número 2 Sheryl Sandberg havia citado outro risco: enfraquecer o Facebook poderia beneficiar grupos chineses.
Zuckerberg também reiterou sua defesa de uma regulamentação da internet. "Eu não acho que as empresas tenham que tomar todas as decisões sobre o que pode ser visto ou não na internet".
Sua companhia tenta neutralizar o forte aumento de tentativas de criar contas automáticas para fins mal-intencionados, embora calcule que aproximadamente 5% de suas contas ativas ainda sejam "falsas", ou seja, não representam uma pessoa ou organização real.
ANIBRPress
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