ECONÔMIA: A sociedade sob o olhar do sistema capitalista do Stakeholders
ROBERTO MONTEIRO PINHO
No seu Encontro anual de 2020, o Fórum Econômico Mundial (FEM) definiu 55 métricas para observar, sendo que 21 delas são as principais enquanto 34 complementares. As métricas foram divididas nos quatro pilares que são: princípios de governança, pessoas, planeta e prosperidade.
Em suma ficou estabelecido que o capitalismo de stakeholders é um tipo de capitalismo em que as organizações procuram criar valor a longo prazo. Para isso considerando as necessidades de todas as partes interessadas e a promoção do bem-estar social. Existem atividades de natureza financeira, intelectual, física, cultural, social, ecológica, ética e até mesmo o emocional.
Este conceito foi nomeado pelo renomado economista R. Edward Freeman como Capitalismo de Stakeholdes (Capitalismo das partes interessadas, em tradução livre). Sob a ótica dos neoconservadores o Capitalismo é um conceito que pode ter conotação negativa em parte da sociedade moderna, por estar associado à exploração econômica e à degradação do meio ambiente. Mas seria possível desenvolver um capitalismo consciente, humanizada do capitalismo?
Os tipos de capitalismo/Princípios
Já em 2019 o economista Klaus Schawab, criador do termo capitalismo de Stakeholders, vaticinou um exemplo que ele elenca três tipos:
- capitalismo de acionistas: modelo que tem no lucro sua principal diretriz e que, durante muitos anos, foi responsável por promover prosperidade, abrir espaço para novos mercados e gerar empregos;
- capitalismo de Estado: nesse caso, o Estado é quem define os rumos da economia (exemplo principal: China);
- capitalismo de stakeholders: a empresa gere não apenas seus próprios interesses, mas os de toda a sociedade.
Entre os princípios do capitalismo consciente, estão a liderança, cultura consciente, orientação dos envolvidos e os propósitos bem definidos. Os pilares do capitalismo consciente se relacionam com os princípios, que seguem:
- princípios de governança: relacionam-se com o propósito da empresa, a sua transparência e o seu comportamento ético (ética empresarial, gestão de riscos, combate à corrupção e a práticas desonestas);
- planeta: análise da dependência de uma organização referente aos recursos naturais e o impacto que suas atividades causam no meio ambiente (políticas de gestão de resíduos, consumo de água, fontes de energia usadas);
- pessoas: como a empresa lida com os seus funcionários (oportunidades de crescimento, diversidade, diferenças salariais, investimento na qualidade de vida e na capacitação);
- prosperidade: como a empresa influencia o bem-estar da sociedade (investimento em tecnologia, aumento na quantidade de funcionários, aumento da capacidade de produção).
O capitalismo de Stakeholders no âmbito do mercado
No Fórum Econômico Mundial, procurou-se dar uniformidade a métricas e a critérios que devem ser seguidos. Depois de seis meses de discussões, com a participação de 120 das maiores organizações internacionais, de analistas, investidores e consultores, foi concluído, no final de 2020, o documento chamado” Measuring Stakeholder Capitalist” (Mensurando o Capitalismo de Partes Interessadas). Inciativa de ESG (Environmental, Social and Governance).
O capitalismo de stakeholders se contrapõe ao capitalismo de shareholders, cujo foco é exclusivo nos acionistas. Ressalte-se que O primeiro tem uma preocupação maior com relação a boas práticas empresariais, como as práticas ESG, relacionadas ao meio ambiente, à governança e à sociedade. A sugestão do documento é que toda empresa faça um balanço no relatório anual, mostrando que ações foram tomadas relativas aos quatro pilares e às métricas
De acordo com o Fórum, as empresas que alinham seus objetivos com os da sociedade se encontram mais qualificadas para geração de valor a longo prazo. Isso porque elas produzem bons resultados para os seus negócios, para a economia, sociedade e para o planeta.
Negócios que aplicam o capitalismo de stakeholders devem se esforçar para alcançar objetivos compartilhados, como os que estão registrados na Agenda de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas e no acordo climático de Paris.
Partes interessadas/impactos (stakeholders)/Davos
Nesse contexto, quatro partes interessadas e/ou impactadas pelas atividades e resultados de uma determinada organização, assumem papéis relevantes. São elas:
- governos (nações, estados, comunidades locais), com a missão de gerar, para a maior quantidade possível de pessoas, mais prosperidade;
- sociedade civil (grupos de ação, ONGs, sindicatos, escolas, universidades e assim por diante), para promoção do interesse social, dando propósito aos que participam da sociedade;
- empresas privadas de qualquer porte, não importa se são pequenas (inclusive, statups) ou se são multinacionais, cujo objetivo é alcançar um superávit econômico que pode ser mensurado em lucros no curto prazo e, ao mesmo tempo, gerando valor a longo prazo;
- comunidade internacional, formada por organizações internacionais (ONU, entre outras) ou regionais (União Europeia, entre outras), cujo objetivo é a preservação da paz.
Em janeiro de 2020, o Fórum Econômico de Davos atualizou seu manifesto, endossando o conceito. O evento apontou ser essencial refletir sobre estruturas de governança, que garantam o equilíbrio entre as demandas dos vários grupos diretamente interessados em um negócio.
Ainda como maneira de sistematizar os requisitos para a adoção do Capitalismo de Stakeholders, o Fórum elaborou um documento chamado de “Measuring Stakeholder Capitalist” em português Medindo o Capitalismo de Stakeholders), que visa melhorar as formas como as empresas calculam e exibem seu desempenho.
Por: Environmental, Social and GovernanceImagens: Internet.
ROBERTO MONTEIRO PINHO - Jornalista, escritor, CEO em Jornalismo Investigativo, Ambientalista, Presidente da Associação Nacional e Internacional de Imprensa – ANI, Associação Emancipacionista da Região da Barra da Tijuca – AEBAT e Clube dos Jornalistas do Brasil - CJB. Membro da ALB - Federação das Academias de Letras do Brasil, Técnico em Arbitragem. (Lei 9307/1996). Ex - Dirigente da Central Geral dos Trabalhadores – CGT, Observador para Assuntos sobre Liberdade de Imprensa no Parlamento Europeu e Direitos Humanos na ONU. Coordenador do Gabinete de Crise – ANI. Editor Executivo da Revista ANIBRPress.com, STANDERNews.com, Jornal TribunaToday.com. Titular de Portais, sites e Núcleo de Pesquisas ANIBRPress. Consultor Editorial. Titular de blog de notícias Nacionais e Internacionais, blog Análise & Política. Repórter Correspondente de Guerra. CEO em editoria de jornais, revistas e obras literárias. Autor da obra: Justiça Trabalhista do Brasil (Edit. Topbooks), e dos livros e-book: “Os inimigos do Poder”, ”Mr. Trump na visão de um jornalista brasileiro”, “Superação”, “Quando ouço uma Canção”, “O Sistema”, “Arbitragem - Ao alcance da Sociedade”, “Manual da Emancipação” e Programa CONEXAONEWS – 525 TV MAX HD