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O
jornalista Hélio Fernandes nasceu no Rio de Janeiro, em 17 de outubro
de 1924. É filho de Francisco Fernandes e Maria Fernandes, e irmão de
Millôr Fernandes, jornalista, escritor, humorista e teatrólogo. Concluiu
o primário no Colégio Estadual Enes de Souza. Em 1936, ingressou no
Colégio Pedro II para cursar o secundário. Abandonou os estudos em 1938.
Em
1938, Hélio Fernandes trabalhou como auxiliar de despachante por alguns
meses. A experiência terminou quando ele foi preso, acusado de
envolvimento no levante integralista ocorrido em maio daquele ano.
Depois, conseguiu emprego em um navio cargueiro e viajou pelo mundo.
Voltou
ao Rio de Janeiro em 1942. Realizou pequenos trabalhos até ingressar no
serviço militar obrigatório. Permaneceu no exército até 1945. Seu
irmão, Millôr Fernandes, intermediou, ainda em 1945, o seu primeiro
emprego na imprensa. Começou na revista O Cruzeiro, como encarregado do
recolhimento dos artigos assinados.
Em
1946, Hélio Fernandes ascendeu ao cargo de assistente do diretor e, ao
completar um ano de trabalho, tornou-se diretor de redação da revista.
Dois anos depois, foi demitido por Assis Chateaubriand, proprietário
de O Cruzeiro, ao contrariar suas diretrizes editoriais e publicar dois
artigos defendendo a greve dos alunos da Escola Naval em reportagens
publicadas com os títulos “A revolta dos Anjos” e “Anistia para os
Aspirantes”.
Após
sua demissão, viajou para a Europa e regressou em 1950 ao Rio de
Janeiro. Foi convidado por Pompeu de Souza para chefiar a seção de
Esportes do Diário Carioca. Aceitou o cargo e procurou reformular o
formato e o conteúdo da crônica esportiva do jornal com a contratação de
Millôr Fernandes, Fernando Sabino e Paulo Mendes Campos.
Em
1951, Hélio Fernandes se demitiu do Diário Carioca em função da forte
crise financeira vivida pelo jornal. No ano seguinte, assumiu a direção
da redação da revista Manchete, que passava por sérias dificuldades
financeiras com tiragem reduzida a cerca de dois mil exemplares por
edição. Hélio Fernandes permaneceu no cargo por 22 meses com carta
branca para reformar a revista. Ele renovou o seu quadro de jornalistas
contratando nomes como Paulo Mendes Campos, Hélio Pelegrino, Otto Lara
Resende, Fernando Sabino e Carlinhos de Oliveira, este com dezessete
anos. O principal cronista da revista era Rubem Braga, nome já
consagrado no jornalismo e na crítica literária.
Sob
a direção de Hélio Fernandes, a revista Manchete passou a utilizar com
mais intensidade fotos de mulheres na capa para atrair o público. Em
oito meses, a tiragem subiu para cerca de 150 mil exemplares, mas Hélio
Fernandes saiu da revista por divergência com os proprietários.
De
novembro de 1953 até abril de 1954, ele trabalhou na Tribuna da
Imprensa, atendendo o convite de seu amigo Carlos Lacerda, mas saiu do
jornal por não serem atendidas suas exigências salariais. De maio até
outubro de 1954, sobreviveu fazendo reportagens para a revista A Semana,
de Graciliano de Brito.
Ainda
em 1954, Hélio Fernandes recebeu o convite do presidente da República,
João Café Filho, para dirigir a Rádio Mauá, emissora oficial vinculada
ao Ministério do Trabalho. Lá, ele criou o programa Noticioso Mauá, que
ia ao ar de hora em hora. Em 1955, deixou a rádio e se tornou assessor
de imprensa da campanha eleitoral de Juscelino Kubitschek, então
candidato à presidência pelo Partido Social Democrático (PSD) e apoiado
pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB).
Com
Kubitschek empossado, Hélio Fernandes assumiu, em janeiro de 1956, a
direção do vespertino A Noite, jornal que fazia parte das Empresas
Incorporadas ao Patrimônio da União, com duas missões: salvar o diário
da crise financeira e apoiar Juscelino para diluir os ataques de outros
jornais ligados à União Democrática Nacional (UDN). Porém, em maio de
1956, Hélio Fernandes deixou A Noite e passou a compor com a oposição
udenista, dirigindo fortes ataques ao presidente que ajudou eleger.
Entre
junho de 1956 e maio de 1957, Hélio Fernandes assumiu a direção
da Revista da Semana. Logo depois, foi para São Paulo para participar do
lançamento de Casa e Jardim. Regressou ao Rio de Janeiro em 1958 e
recebeu o convite de Joel Silveira para trabalhar na revista O Mundo
Ilustrado, de João Dantas, da qual Mino Carta era colaborador. Na
revista, criou e se tornou responsável por escrever a coluna Em Primeira
Mãoque passou, pouco tempo depois, a ser publicada no Diário de
Notícias também de propriedade de Dantas.
Hélio
Fernandes apoiou a candidatura vitoriosa de Jânio Quadros da UDN à
presidência da República, em 1961. Com a renúncia de Jânio, defendeu,
através de sua coluna no Diário de Notícias, uma solução legal para a
crise política e deu apoio à posse do vice-presidente João Goulart, do
PTB.
No
ano seguinte, comprou a Tribuna da Imprensa, periódico que tinha sido
de Carlos Lacerda, mas que estavam naquele momento, sob a propriedade de
Manuel Francisco Nascimento Brito, do Jornal do Brasil. À frente
da Tribuna da Imprensa, Hélio Fernandes passou a combater o governo
Goulart.
Apoiou
à articulação de grupos políticos que redundaram no movimento militar
de 31 de março de 1964, responsável pela subida do general Castelo
Branco ao poder. Mas logo depois, utilizou a Tribuna da Imprensa para
escrever artigos agressivos contra as medidas que visavam ampliar a
entrada de capital estrangeiro no país e centralizar as ações políticas
do governo, como o Ato Institucional nº 1. Através deste ato, o poder
Executivo assumiu parte das prerrogativas constitucionais que lhe dava
poder para perseguir e punir quem julgava ser adversário do regime.
Hélio Fernandes passou a responder a 27 processos movidos pelo governo
militar.
Em
1966, já no bipartidarismo imposto pelos militares, Hélio Fernandes
teve a sua candidatura a deputado federal pelo Movimento Democrático
Brasileiro (MDB) impugnada pelo Tribunal Regional Eleitoral. No dia 10
de novembro daquele ano, seus direitos políticos foram cassados por dez
anos. Dois dias depois, foi preso quando saía de um debate na Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro. O jornalista também foi
impedido de assinar seus artigos e passou utilizar o pseudônimo de João
da Silva.
No
ano seguinte, Hélio Fernandes foi preso por 30 dias na ilha de Fernando
de Noronha e mais 30 na base aérea de Pirassununga, em São Paulo, por
ofender através de um obituário escrito na Tribuna da Imprensa a memória
de Castelo Branco, morto num acidente aéreo em 18 de agosto de 1967. O
jornal sofreria um dura censura nos oito meses seguintes.
Com
a vigência do Ato Institucional nº 5, Hélio Fernandes foi preso em 13
de dezembro de 1968 na redação da Tribuna da Imprensa e levado para um
regimento da polícia militar do Exército, onde permaneceu por 30 dias na
companhia de Oswaldo Peralva, Celso Nascimento Filho, Carlos Lacerda e
Mário Lago. Na prisão, rompeu politicamente com Carlos Lacerda.
A
ditadura militar fechou a Tribuna da Imprensa por três dias em setembro
de 1969, em função de o seu colunista Oliveira Bastos escrever um
artigo considerado ofensivo pelos militares à honra pessoal do ministro
da Fazenda, Delfim Neto. No mês seguinte, Hélio Fernandes foi preso
novamente e confinado por 15 dias em Campo Grande (MS) por publicar
reportagens revelando a existência de divergências entre os militares
para a escolha do novo presidente da República.
Com
a abertura política, em 1974, os editoriais de Hélio Fernandes
retomaram a agressividade do passado. Ele passou a denunciar a
existência de corrupção em diversos escalões do governo e sofreu
processo por ofensa ao presidente Ernesto Geisel, em outubro de 1978.
Em
1979, participou da campanha pela anistia ampla geral e irrestrita e
pela convocação de uma Assembléia Nacional Constituinte. Com a volta do
pluripartidarismo, se filiou ao Partido Popular, organizado no Rio de
Janeiro pelo então governador Chagas Freitas, dono do jornal O Dia.
Em
1981, a Tribuna da Imprensa foi vítima de um atentado à bomba que
destruiu suas instalações e máquinas rotativas. Os militares acusaram
Hélio Fernandes de forjar o ato para impedir que os equipamentos do
jornal fossem confiscados em função dos débitos da Tribuna com a
Previdência Social. O jornalista, por sua vez, acusou grupos
paramilitares ligados ao Exército de comandarem a ação.
O
jornalista participou ativamente da campanha da Aliança Democrática,
coalizão formada pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro e por
políticos governistas que viriam a formar o Partido da Frente Liberal. O
objetivo era garantir a eleição indireta de Tancredo Neves no Colégio
Eleitoral.
No
final de 1984, Hélio Fernandes ganhou na Justiça uma ação de
indenização movida contra a União, pelos danos financeiros que a censura
e a perseguição política promovida pelos governos militares causaram
à Tribuna da Imprensa.
Nos
anos 1990, o jornalista continuou mantendo o tom polêmico de seus
editoriais e artigos na Tribuna da Imprensa. De um lado, estes escritos
ganharam teor nacionalista permitindo Hélio Fernandes se aproximar de
antigos desafetos como o governador Leonel Brizola. De outro, o teor
acusatório e a agressividade de suas denúncias acabaram levando o
jornalista a ser processado diversas vezes na Justiça por calúnia e
injúria.
Tribuna da Imprensa
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
A Tribuna da Imprensa é um jornal brasileiro fundado em 27 de dezembro de 1949, no estado do Rio de Janeiro, pelo jornalista Carlos Lacerda.
O nome do veículo deve-se à coluna Da Tribuna da Imprensa que Lacerda escreveu no Correio da Manhã de 1946 a1949, quando foi afastado deste jornal mas manteve o direito ao nome.
Foi na Tribuna, em 12 de agosto de 1954, que Lacerda escreveu o editorial sugerindo que os militares exigissem a renúncia do Presidente Getúlio Vargas, reverberando a crise que o levaria ao suicídio no dia 24 de agosto. Após a morte de Getúlio, governistas invadiram e empastelaram a sede do jornal.
Em outubro de 1961, durante o Governo de João Goulart, em consequência de dificuldades financeiras Lacerda vendeu a Tribuna da Imprensa, por 10 milhões de dólares, para Manuel Francisco do Nascimento Brito, genro da condessa Pereira Carneiro, dona do Jornal do Brasil.
No final de 1962, o jornalista Hélio Fernandes assumiu o passivo e o ativo do jornal. Em entrevistas, ele garante não ter pago um centavo por isso, apenas tendo livrado Nascimento Brito do contínuo prejuízo.
Na ocasião do Golpe de Estado no Brasil em 1964, o jornal publicou, em 2 de abril de 1964:
"Escorraçado,
amordaçado e acovardado, deixou o poder como imperativo de legítima
vontade popular o Sr João Belchior Marques Goulart, infame líder dos
comuno-carreiristas-negocistas-sindicalistas. Um dos maiores gatunos que
a história brasileira já registrou, o Sr João Goulart passa outra vez à
história, agora também como um dos grandes covardes que ela já
conheceu."
- Tribuna da Imprensa
De junho de 1968 a junho de 1978 submeteu-se à censura prévia. Foi o jornal que mais sofreu intervenção durante o Regime Militar: teve mais de vinte apreensões, censores instalados dentro de seu prédio por dez anos e dois dias e seu proprietário foi preso por seis dias em 1973.
Em 26 de março de 1981, uma bomba explodiu na sede do jornal na Rua do Lavradio, 98, um ato creditado a defensores radicais da ditadura militar, com o objetivo de culpar os militantes da esquerda.
Em 2001,
a sede do jornal chegou a ter a sua falência decretada e seu acesso
lacrado, em razão do pedido feito pelo desembargador Paulo César
Salomão, pelo não pagamento de uma indenização por danos morais
decorrente de uma ação que impetrara contra o jornal. Ele se sentira
atingido por um artigo assinado pelo economista Romero
da Costa Machado – que não pertencia aos quadros da Tribuna – publicado
em 1994, sob o título ‘O crime ao amparo da lei’, no qual era chamado
de ‘PC Salomão’.
O
atual editor da Tribuna da Imprensa é Hélio Fernandes Filho. Editorias:
Política, Esportes, Economia, Internacional, País/Cidades,
Ciência/Ambiente.
A Tribuna da Imprensa tem como colaboradores os jornalistas Carlos Chagas, Argemiro Ferreira, Roberto Monteiro de Pinho e Sebastião Nery, dentre outros, e atualmente, somente é editado em versão via internet online, sem mais a versão impressa.
Em 2008, o jornal anunciou a suspensão "temporária" de suas edições impressas.
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